Essa história todos já sabem ou, pelo menos, deveriam. Em 8 de março de 1857, centenas de operárias morreram queimadas durante protestos em uma fábrica têxtil, em Nova Iorque. Brigando por condições de trabalho melhores e salários equivalentes aos de homens que desempenhavam a mesma função (e recebiam  três vezes mais), as manifestantes foram trancadas no estabelecimento depois do início de um incêndio criminoso.

Os donos da confecção enfrentaram um time jurados composto apenas por homens (já que, à época, mulheres eram impedidas de serem juradas) e acabaram absolvidos da acusação de homicídio.

Corta para 2018.

As chamas do incêndio de 1857 podem ter sido apagadas, mas o grito por igualdade segue ecoando até os dias de hoje. Em diferentes segmentos do mercado, homens ainda são maioria ou desfrutam de salários melhores do que o de mulheres que ocupam função igual.

Por exemplo, uma pesquisa realizada pela Sodexo Benefícios e Incentivos do Brasil, mostrou que a linha evolutiva de mulheres ocupando cargos de liderança no Brasil é de apenas 8%. Ainda de acordo com o levantamento, 53% das mulheres entrevistadas consideram que as empresas em que trabalham não oferecem meios para ampliar a promoção feminina a cargos de gestão.

No cenário nacional do Marketing Digital a história não é muito diferente. Historicamente, o Marketing, assim como as áreas de maior afinidade com o uso de tecnologia, são dominadas por homens. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD 2009), as mulheres representavam somente cerca de 20% do total de profissionais do setor. Entre os cargos listados estão Programadoras de Informática, Analistas de Sistema e Engenheiras da Computação.

Mas antes que você pense que tudo está perdido, vale dar uma observada no cenário atual e nas projeções para os próximos anos.

No especial do Dia Internacional da Mulher de 2017, o portal Digitalks parou para ouvir algumas das principais vozes femininas que despontam como expoentes no mercado de Marketing Digital. Separamos algumas das aspas que trouxeram um olhar mais apurado da atualidade.

Na opinião de Priscilla Erthal, ex-CMO do Hotel Urbano, ex-Netshoes e atual sócia da Orgânica, grandes nomes de mulheres vêm despontando com o passar do tempo: “Em comparação ao mercado como um todo, o Digital tende a ser mais à frente do tempo e se aproxima mais da igualdade, mas claro que ainda vemos a disparidade. Ao mesmo tempo, já assistimos a ascensão de executivas a grandes cargos em corporações importantes, principalmente no mundo digital, como a Virginia Rometty (IBM), Marissa Mayer (Yahoo), por exemplo”, analisou.

Segundo Luciana Haguiara, diretora de Criação Digital da AlmapBBDO e jurada em Digital Craft em Cannes do ano passado também é possível vislumbrar maior participação de mulheres no cenário de criação: “Nos festivais de criatividade internacionais, há um grande esforço por parte das organizações para se ter o mesmo número de mulheres e homens nos júris, como palestrantes e nos boards de diretoria. Ainda fica em 40/60, no máximo, mas já é uma grande mudança. Quanto mais mulheres de sucesso puderem mostrar seu trabalho, talento e profissionalismo, mais estarão inspirando outras mulheres”, explicou.

Diante desse cenário, o Dia Internacional da Mulher de 2018 chega para evidenciar as diferenças ainda presentes neste mercado e mostrar as perspectivas futuras, além de confirmar que os desafios cotidianos enfrentados por todas estão longe de ter fim. Nesse sentido, o primeiro (de muitos) passos é, sem dúvidas, o efetivo debate sobre o tema, uma importante porta de entrada para as mudanças e principal ferramenta para as mulheres que seguem na luta por um mercado de trabalho mais justo.