Na última semana, uma suposta “máfia” envolvendo o envio maciço de mensagens via WhatsApp em prol de campanhas políticas marcou presença no noticiário. Mas como ele é feito?

O serviço de envio de mensagens existe como estratégia de marketing há anos, através de e-mails, SMS, e agora, no WhatsApp. O envio acontece através de empresas especializadas nesse serviço, que encaminham uma mesma mensagem, que pode ser em texto, vídeo ou fotos, para uma determinada lista de contatos. Essa lista de contatos é disponibilizada pelas empresas que compram o serviço.

A forma mais tradicional de fazer esse disparo se chama “opt-in”, onde os dados são disponibilizados livremente pelos clientes, através de cadastros em bancos de dados. Nesse formato, os clientes têm ciência de que seus números de telefone podem ser usados futuramente para fins mercadológicos. Porém, esse envio também acontece quando o cliente não se cadastra e, consequentemente, não tem ciência. Nesse caso o envio de mensagens se configura como “spam”. Apesar de não ser proibida, em muitos aplicativos, como o Whatsapp, sua prática é vedada.

Então, como surge o spam no Whatsapp?

Uma versão do aplicativo, o WhatsApp Business, é destinado para empresas de pequeno e médio porte a fim de que elas se comuniquem de forma segura com seus clientes. Dentro dessa versão há um recurso especial somente para grandes empresas chamado API. Esse recurso é pago e permite o disparo de mensagens em grande escala, com controle e limite dos destinatários que cadastram seus dados.

No entanto, há uma problemática no que diz respeito a essa prática: APIs piratas. Elas constituem-se no fato de poder enviar mensagens pelo WhatsApp para pessoas que não cadastraram seus dados. Essa modalidade de spam não utiliza a versão oficial do API do Business. São recursos piratas que operam com ferramentas hackeadas e encontram brechas no código do aplicativo e, assim, em uma espécie de “telefone fantasma”, conseguem se conectar ao aplicativo, “imitando” um usuário real.

A lista de contatos surge a partir do momento que empresas piratas, através de vírus ou de golpes na rede, coletam dados para serem usados clandestinamente. Esses dados podem ser segmentados de acordo com as características do público que se deseja atingir, levando em consideração a inclinação desse público em disseminar a mensagem inicial, através de compartilhamentos.

A prática de spam não está prevista no Código Penal, dessa forma, tecnicamente, não é considerada crime. No entanto, essa prática é condenada pelo WhatsApp. A junção dessa tática, unida à funcionalidade que o aplicativo tem de criar grupos com grande quantidade de participantes, propicia e aumenta as condições das empresas, através de recursos piratas e antiéticos, ampliar sua influência no âmbito comunicacional.