No cenário jurídico atual, especialmente no mercado B2B regulado pela OAB, a excelência técnica já não basta para gerar negócios. Escritórios precisam ir além da rede de contatos inicial e adotar estratégias estruturadas de prospecção que tragam previsibilidade, escalabilidade e crescimento sustentável.
Este artigo, inspirado no episódio da série Bastidores do Marketing Jurídico apresentado por Mariellen Romero e Rafael Maia (táLIGADO Comunicação), reúne três modelos eficazes de prospecção para escritórios que atendem empresas, sempre com respeito às normas da OAB e à reputação do escritório.
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O Desafio da Prospecção no Mercado Jurídico B2B
- Dificuldade inicial: depois da fase de clientes vindos de demanda reprimida ou rede próxima, muitos escritórios sentem dificuldades para continuar crescendo.
- Necessidade de previsibilidade: escritórios são negócios. Precisam de lucro e de crescimento sustentável. Porém, isso vem mais fácil com planejamento e mecanismos claros de atração de clientes.
- Risco da falta de estratégia: tentar “um pouco de tudo” sem método pode gerar gasto excessivo de energia, frustração e descrédito nas estratégias de marketing.
O ponto central é: ou o escritório organiza sua prospecção, ou fica refém da sorte.
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Três Modelos de Prospecção para Escritórios B2B
A. Prospecção por Indicação – o tradicional boca a boca
- Definição: cresce organicamente a partir de relacionamento e confiança.
- Sinais típicos: convites para palestras sem esforço, contatos que chegam de clientes ou parceiros (“o telefone tocou”).
- Desafios: baixo controle sobre volume e frequência de indicações.
Como estimular:
- Pesquisas de satisfação (não anônimas) para identificar clientes promotores.
- Solicitar indicações de empresas similares (evitando concorrentes diretos).
- Investir em pós-venda e conteúdo relevante (webinars, newsletters, e-mails).
- Criar uma régua de relacionamento: nutrir clientes satisfeitos com atenção personalizada.
É a estratégia de maior taxa de conversão, mas difícil de escalar.
B. Prospecção por Rede – Inbound e eventos
- Definição: atrair clientes em escala por meio de canais digitais e eventos.
- Sinais típicos: leads vindos de redes sociais, inscrições em newsletters, downloads de materiais ou participação em eventos.
Como implementar:
- Produção de conteúdo estratégico para decisores (ICP/persona bem definidos).
- Campanhas de tráfego pago segmentadas para conteúdos e convites (nunca serviços diretos).
- Eventos online (webinars, masterclasses) como porta de entrada de leads.
- Gestão de leads com planilhas ou CRM para organizar contatos e evoluir relacionamentos.
É a melhor estratégia para oxigenar a base de contatos e gerar volume.
C. Prospecção Direcionada – Outbound personalizado
- Definição: contato ativo e estratégico com “leads frios”.
- Sinais típicos: sócios que abordam empresas no LinkedIn, puxam conversas personalizadas, enviam convites para reuniões ou eventos exclusivos.
- Riscos: receio de infringir regras da OAB ou de soar comercial demais.
Como implementar:
- Construir listas de contas-alvo (Account-Based Marketing).
- Usar tática multicanal: iniciar no LinkedIn, evoluir para e-mail e depois ligação.
- Personalização máxima: nada de mensagens genéricas.
- Oferecer valor real: insights de mercado, convites exclusivos, relatórios, artigos.
- Usar o LinkedIn para encontrar “ganchos” genuínos de conversa.
É a estratégia com mais controle, mas que exige cuidado extremo na abordagem.
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O que a OAB permite (Provimento 205/2021)
- Publicidade ativa é permitida, desde que:
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- Tenha caráter informativo.
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- Seja sóbria e discreta.
- O que não pode:
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- Captação de clientela = induzir à contratação direta ou estimular litígio.
- Princípio central: oferecer informação de valor e construir relações genuínas, sem transformar marketing em venda agressiva.
Em resumo: é possível prospectar de forma ativa sem ferir as regras.
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Recomendações Finais
- Nenhuma estratégia é excludente. O ideal é integrar as três:
- Indicação para gerar credibilidade.
- Redes para gerar volume.
- Outbound para alcançar contas estratégicas.
- Mais importante do que testar canais é respirar, planejar e organizar os recursos para garantir consistência.
- O foco deve ser sempre em captar leads e construir relacionamentos, não apenas inflar métricas superficiais como seguidores.
Conclusão
A prospecção B2B no mercado jurídico não é uma questão de sorte ou talento nato em vendas. É estratégia, método e consistência.
Ao adotar um mix equilibrado de Indicação, Redes e Outbound, respeitando os limites éticos da OAB, escritórios constroem um caminho de crescimento sustentável, previsível e alinhado ao valor mais importante: a confiança.
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